domingo, 16 de dezembro de 2012

Quando o coração faz turu turu...

É mais ou menos assim:

"Esse turu turu turu aqui dentro
Que faz turu turu quando você passa
Meu olhar decora cada movimento
Até seu sorriso me deixa sem graça
Se eu pudesse te prender,
dominar seus sentimentos,
Controlar seu passos,
ler sua agenda e pensamentos
Mas meu frágil coração
acelera o batimento e faz turu turu turu turu tu...
Esse turu tatuado no meu peito
Gruda e o turu turu turu não tem jeito
Deixa sua marca no meu dia-a-dia
Nesse misto de prazer e agonia
Nem estou dormindo mais,
Já não saio com os amigos
Sinto falta dessa paz que encontrei no seu sorriso
Qualquer coisa entre nós vem crescendo pouco a pouco
E já não nos deixa à sós isso vai nos deixar loucos
Se é amor, sei lá!
só sei que sem você parei de respirar
E é você chegar pra esse turu turu turu vir me atormentar
Se esse turu tatuado no meu peito
Gruda e o turu, turu, turu, não tem jeito
Deixa sua marca no meu dia-a-dia
Nesse misto de prazer e agonia
Eu desisto de entender
É um sinal que estamos vivos
Pra esse amor que vai crescer
Não há lógica nos livros
E quem poderá prever
Um romance imprevisível
Com um turu, turu, turu, turu, turu, turu, tu
Esse turu turu turu aqui dentro
Que faz turu turu quando você passa
Nem estou dormindo mais
Já não saio com os amigos
Sinto falta desse turu, turu, turu, turu, turu, tu."

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Troco carro com vontade própria!

"Troco carro com vontade própria por um que não saiba onde moras!
Este sabe e atraiçoa-me. Desvia-se por saber que basta um pequeno desvio no meu caminho de casa, para passar na tua. Tenho medo que um dia ainda se espete contra o gradeamento do passeio, só para te ir tocar à campainha.
E sim, se ficarem com o meu carro saberão tudo sobre mim.
Não tenho objecto mais pessoal que o meu carro. Não, o meu objecto mais íntimo não é o telemóvel. Esse só sabe das mensagens que consigo enviar, só ouve as conversas que consigo verbalizar, os sentimentos que não ficam engasgados. Só sabe das palavras que consegui soltar, dos sentimentos que consegui assumir.
O meu carro não. O meu carro ouve as conversas que ensaio, enquanto ganho coragem para ir à agenda seleccionar o teu número, escolher entre a opção "viber" ou "marcador" acabando por deixar o dedo escorregar para a tecla vermelha, que anula tudo - menos a minha vontade de te ver e a minha certeza que os teus braços têm a exacta medida para aconchegar o meu corpo cansado, depois de mais um dia. Há conversas que ficam só entre mim e o meu carro. Há estados de alma que só ele percebe. Ele sabe se chego bem ou mal disposta, depois de um dia de trabalho. Percebe-o pela música que escolho para ouvir, pela impaciência ou serenidade com que enfrento o trânsito, o sinal fechado ou os buracos no caminho. Sabe como me tranquiliza, conduzir sem destino, quando quero pensar.
É por me conhecer tão bem que toma a liberdade de me desviar para ti. Dá o pisca, pára no stop e segue, rumo ao que sabe, me faria feliz.
E eu, a partir do momento em que percebo que já não é a razão que me domina, deixo-me ir em piloto automático. Limito-me, apenas, ao passar a tua casa, a erguer o olhar para a tua janela. E à iminência da tua presença, de que pressintas que te rodeio, fico aflita, sinto-me ridícula e acelero, prego a fundo, naquela curva apertada como se estivesse em plena auto-estrada do norte.
Troco este carro. Porque o gasóleo está caro e a austeridade vai apertar (ainda mais) em 2013, logo não me posso dar a estes desperdícios. Já que nada muda, a cada vez que passo a tua casa e te imagino do outro lado da janela. Porque tens amores maiores. E eu tenho saudades. De tudo. Do que foi e do que podia ter sido. Das tuas mãos. Do teu cheiro. Da minha cabeça no teu ombro. Do brilho dos teus olhos, que me sorriam enquanto me ouvias contar as banalidades do meu dia. As minhas saudades têm número de porta e contra isso não posso fazer nada.
Se um dia vieres à janela e vires um carro encostado à tua casa - sou eu. Aponta-me um lugar para estacionar, convida-me a entrar. Mostras-me a casa, como se fosse uma amiga a quem convidaste para ir conhecer o teu espaço. Eu gabo-te a decoração, digo que te amo e aceito uma bebida - que o caminho foi duro e a espera foi longa, não há bateria que resista!"

BM

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Afinal é mesmo tudo uma questão de números!!!

Não há pessoas felizes. Até porque grande parte das pessoas não compreende a matemática. Não sabem o que é uma variável que tende para infinito, ou não concebem um eixo em Rn. Porque para elas o mundo tem apenas três eixos, vá, quatro para os metafísicos. Se as pessoas compreendessem a matemática, saberiam a diferença entre um fenómeno discreto e um fenómeno continuo. Saberiam que uma razão cujo denominador seja zero é indeterminada. E a diferença entre uma condição necessária e uma suficiente. E por isso não existem pessoas felizes. Porque a felicidade não existe enquanto fenómeno contínuo e o vazio das nossas razões também não. Somos felizes em momentos, discretos, ao longo da continuidade da nossa vida. Quando descobrimos que amamos, ou que somos amados. Quando parimos ideias, filhos, sonhos. Sem género. Ou que deixamos de viver no que devia ter sido, esse eixo que teimamos em construir ao lado esquerdo do zero das nossas amarguras. E é por isso que me fascinam as histórias tristes. Porque são pontos no espaço. Simples pares de coordenadas diluídos nos eixos em que nos desdobramos. E que tentamos apagar nas curvas quase perfeitas daquilo que achamos ter de ser.  Só, porque achamos que esses pontos não são função de nada mais que da má sorte. Mas isso, é tão falso como a Matemática ser difícil. E isto sim é uma verdade absoluta.

Nunca achei que as pessoas que percebem Matemática fossem mais felizes que as outras! Agora, leio que a própria Felicidade é uma equação. 
Faz todo o sentido! Umas quantas incógnitas que é preciso decifrar para se chegar ao resultado final. Positivo, umas vezes. Negativo, outras. Nulo ou indeterminado, outras tantas vezes - e o pior de todos os resultados possíveis a meu ver! 
Agora sinto que valeram mais, os três anos de Matemática, no secundário. Não compreendo muito, mas "dou-lhe uns toques". Talvez ajude nas "contas" da Felicidade!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

IN da estação - Transparências

Nós somos mais transparentes àquilo que estamos a pensar do que aquilo que julgamos. E, infelizmente, se calhar, eu acho que parte do desencanto que nós temos relativamente a algumas pessoas é porque apesar de as ouvirmos dizer determinadas coisas, quase sempre nós sentimos o que é que elas, de facto, estão a pensar e grande parte das vezes não corresponde. É aí que surgem as nossas maiores tristezas, as nossas maiores desilusões.
Luís de Matos

De facto. E é por isso que quando insistimos com alguém, repetidamente, no mesmo assunto, estamos só à espera que de alguma vez, consiga fazer coincidir o que diz com o que sente. Não queremos descobrir nenhuma verdade, porque já a sabemos. Queremos só, ver a coragem, de se assumir o que se sente com a verdade nas palavras. 
Sabias?

Não é fácil, eu sei. Mas para fazer coincidir o que se sente com as palavras certas é preciso coragem. E nem toda a gente sabe de que material a coragem é feita!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Uma viagem chamada Açores!

Podia ter sido uma viagem igual a tantas outras.
Podiam ter sido oito dias a visitar lugares que nunca tinha visto, a provar pratos típicos e a fazer serão junto do grupo de amigos e família que estava comigo.
E foi. Foi tudo isto e muito, muito mais.
Foram umas quantas operações plásticas de rejuvenescimento. À alma, ao corpo e ao coração!
Este último ano foi carregado de meses que me envelheceram. Que me trocaram, muitas vezes, os sorrisos por lágrimas, a satisfação pela dor, a presença pela saudade.
Largar o computador, o email, o telemóvel, as sms. Largar as rotinas, os sítios do costume, as caras de sempre. Era isto que fazia falta e foi isto que tive durante oito dias.
E onde é que tudo isto se concretizou? Numa ilha com pouco mais de quatro mil habitantes. Sem hospital, sem centros comerciais... Pode parecer assustador, mas foi o paraíso!
A Graciosa, afinal, tem muito para dar a quem a visita: paisagens arrebatadoras, doces típicos deliciosos, sotaque divertido, pessoas hospitaleiras, piscinas naturais, águas convidativas mas meteorologia bipolar!
Estava longe de imaginar, ao pôr os pés em terra firme na chamada Ilha Branca, já com umas horas de atraso e depois de um voo muuuuuito atribulado, graças à tempestade que por lá andava - e se foi embora mas que entretanto parece que já por lá anda de novo, que os dias ali me iam fazer tão bem!

HC

sábado, 21 de julho de 2012

Que pensamento vais levar vestido hoje à noite?

Por recomendação de terceiros, li hoje Pedro Chagas Freitas.
Uma escrita irreverente, ousada, desconcertante, corrosiva, intensa, directa - que me deixou fã.

E este texto é, absolutamente, Fa-bu-lo-so!

"O tesão tem razões que a própria razão conhece.

É da razão que o tesão que verdadeiramente nos ergue vem. O tesão corporal nasceu para ser deitado abaixo: para ser derrotado pelo tempo. O tesão intelectual é o único tesão que não se verga a um qualquer orgasmo. O cérebro é o órgão mais sexual do corpo. A inteligência é pornografia do mais alto quilate. Erotismo de topo. A inteligência é mais tesuda do que a mais tesuda das lingeries. A inteligência é a Soraia Chaves da alma. O Brad Pitt do espírito. A inteligência é tesão em estado burilado. Há o tesão puro, em estado bruto: o do sexo erecto e molhado. E depois há o tesão burilado, o racional. Uma frase inteligente é um orgasmo consciente. Um pensamento inteligente é um ai de clímax. Dá mais tesão uma reflexão do que um apalpão.

Todo o prazer vem da língua.

Mas os burros acreditam que é da língua que sai da boca. E os inteligentes sabem que é da língua que sai do cérebro. Excitar é pensar. E mais ainda passar para palavras, para a língua que comunica, aquilo que é pensado. Dar tesão é dar tensão. Tensão intelectual, tensão emocional, tensão total. E é da cabeça, da que pensa, que sai isso tudo. Pensar é sedução. E pensar só existe quando é transposto para comunicação: palavras, gestos, esgares, gemidos. Pensar só existe quando é transposto para comunicação. A comunicabilidade é o mais importante constituinte da genialidade. Qualquer génio incapaz de comunicar passa por burro. E qualquer especialista em comunicação, mesmo que seja burro, passa por génio. O processo de excitação – e o processo de sedução – sustenta-se em alicerces voláteis: um passo em falso e adeus: bye-bye, noite de prazer. Uma mensagem mal transmitida e mal interpretada pode ser a morte do artista. E de nada vale a língua que sai da boca quando a língua que sai do cérebro não é competente. O sedutor é o Deus da comunicação. O Todo-Poderoso da capacidade de dizer exactamente aquilo que quer dizer. E, sobretudo, conseguir exactamente aquilo que quer conseguir com aquilo que quer dizer. Para ser um sedutor é preciso ser um pensador. Repito: para ser um sedutor é preciso ser um pensador. E só de pensar nisso até já estou com calor. Ai.

A beleza ladra, mas a inteligência passa.

Passa de passar, passa de prosseguir, passa de continuar. Passa de passar sem pestanejar, sem ligar, sem sequer hesitar. E passa de passar a ferro. A inteligência passa a ferro. E dá com um ferro. Tritura. Devora. A inteligência passa. E é por isso que fica. Até porque a inteligência é a única das formas de beleza que até pode ser feia. A beleza que não é palpável não é mutável. A beleza de um pensamento, de uma decisão, de uma forma de agir, é eterna. A beleza de um par de mamas passará a ser, por mais operações que a vida te ofereça, a velhice de um par de mamas. A excitação que depende de um par de mamas é uma contra-ordenação. E é tempo quem se encarregará de te passar a multa por excesso de superficialidade. A excitação nasce no cérebro e morre no cérebro. Mesmo que passe por outras partes em que acreditas que ela se aloja: a excitação nasce no cérebro e morre no cérebro. Não pensar é a única forma possível de impotência. Raciocinar é a única forma possível de Viagra. Podes raciocinar em azul, em vermelho ou em verde: raciocinar é a única forma possível de Viagra. Já tomaste o teu hoje?

A imaginação é o maior alimento da pulsão.

E a maior fome também. Imaginar algo que já existe não deixa de ser imaginação. Imaginas, mais do que o não tens, aquilo que tens. Imaginas como seria o que já é, como aconteceria o que já aconteceu, a que saberia o que já soubeste saber. A imaginação é sempre intocável. E é, sempre, dizível. É a imaginação, muitas vezes, que te coloca no chão: que te faz pensar por sobre o que vês – e te evita ficares por sob o que queres ver. A imaginação é o sustento da pulsão. E, ainda assim, a sua degradação. Imaginar o Cristiano Ronaldo velho e cheio de rugas e peles caídas é deprimente. Imaginar o Woody Allen velho e cheio de rugas e peles caídas é atraente. Até porque, bem vistas as coisas, o Woody Allen já está velho e cheio de rugas. E não deixa de excitar, mundo fora, milhões de pessoas. Não acreditas? Pois. Sempre me pareceu que não és lá muito sensual.

Agora escolhe: que pensamento vais levar vestido hoje à noite?"


Pedro Chagas Freitas

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O primeiro dia

"A minha fasquia sempre foi alta. Se é para ir a jogo, jogo alto. Aposto alto. Demais, talvez. Mas é a minha medida.
Sempre foi. 
Sempre será. 
Por menos, não vou a jogo. Exijo e cobro, mas cubro e dou em dobro. Pago caro. Mas recuso-me a descer a fasquia. 
Sossega, porque não te culpo. Devia, eu sei.
Mas sou eu, a última a bater a porta. A última a abandonar o barco. A última a falar. A última a querer saber. A última a esquecer. A última a lembrar. Sempre a última. 
Fica comigo esta noite (a última). Mas sai a meio da noite. Não quero acordar contigo, mais uma manhã."
BM