domingo, 16 de dezembro de 2012

Quando o coração faz turu turu...

É mais ou menos assim:

"Esse turu turu turu aqui dentro
Que faz turu turu quando você passa
Meu olhar decora cada movimento
Até seu sorriso me deixa sem graça
Se eu pudesse te prender,
dominar seus sentimentos,
Controlar seu passos,
ler sua agenda e pensamentos
Mas meu frágil coração
acelera o batimento e faz turu turu turu turu tu...
Esse turu tatuado no meu peito
Gruda e o turu turu turu não tem jeito
Deixa sua marca no meu dia-a-dia
Nesse misto de prazer e agonia
Nem estou dormindo mais,
Já não saio com os amigos
Sinto falta dessa paz que encontrei no seu sorriso
Qualquer coisa entre nós vem crescendo pouco a pouco
E já não nos deixa à sós isso vai nos deixar loucos
Se é amor, sei lá!
só sei que sem você parei de respirar
E é você chegar pra esse turu turu turu vir me atormentar
Se esse turu tatuado no meu peito
Gruda e o turu, turu, turu, não tem jeito
Deixa sua marca no meu dia-a-dia
Nesse misto de prazer e agonia
Eu desisto de entender
É um sinal que estamos vivos
Pra esse amor que vai crescer
Não há lógica nos livros
E quem poderá prever
Um romance imprevisível
Com um turu, turu, turu, turu, turu, turu, tu
Esse turu turu turu aqui dentro
Que faz turu turu quando você passa
Nem estou dormindo mais
Já não saio com os amigos
Sinto falta desse turu, turu, turu, turu, turu, tu."

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Troco carro com vontade própria!

"Troco carro com vontade própria por um que não saiba onde moras!
Este sabe e atraiçoa-me. Desvia-se por saber que basta um pequeno desvio no meu caminho de casa, para passar na tua. Tenho medo que um dia ainda se espete contra o gradeamento do passeio, só para te ir tocar à campainha.
E sim, se ficarem com o meu carro saberão tudo sobre mim.
Não tenho objecto mais pessoal que o meu carro. Não, o meu objecto mais íntimo não é o telemóvel. Esse só sabe das mensagens que consigo enviar, só ouve as conversas que consigo verbalizar, os sentimentos que não ficam engasgados. Só sabe das palavras que consegui soltar, dos sentimentos que consegui assumir.
O meu carro não. O meu carro ouve as conversas que ensaio, enquanto ganho coragem para ir à agenda seleccionar o teu número, escolher entre a opção "viber" ou "marcador" acabando por deixar o dedo escorregar para a tecla vermelha, que anula tudo - menos a minha vontade de te ver e a minha certeza que os teus braços têm a exacta medida para aconchegar o meu corpo cansado, depois de mais um dia. Há conversas que ficam só entre mim e o meu carro. Há estados de alma que só ele percebe. Ele sabe se chego bem ou mal disposta, depois de um dia de trabalho. Percebe-o pela música que escolho para ouvir, pela impaciência ou serenidade com que enfrento o trânsito, o sinal fechado ou os buracos no caminho. Sabe como me tranquiliza, conduzir sem destino, quando quero pensar.
É por me conhecer tão bem que toma a liberdade de me desviar para ti. Dá o pisca, pára no stop e segue, rumo ao que sabe, me faria feliz.
E eu, a partir do momento em que percebo que já não é a razão que me domina, deixo-me ir em piloto automático. Limito-me, apenas, ao passar a tua casa, a erguer o olhar para a tua janela. E à iminência da tua presença, de que pressintas que te rodeio, fico aflita, sinto-me ridícula e acelero, prego a fundo, naquela curva apertada como se estivesse em plena auto-estrada do norte.
Troco este carro. Porque o gasóleo está caro e a austeridade vai apertar (ainda mais) em 2013, logo não me posso dar a estes desperdícios. Já que nada muda, a cada vez que passo a tua casa e te imagino do outro lado da janela. Porque tens amores maiores. E eu tenho saudades. De tudo. Do que foi e do que podia ter sido. Das tuas mãos. Do teu cheiro. Da minha cabeça no teu ombro. Do brilho dos teus olhos, que me sorriam enquanto me ouvias contar as banalidades do meu dia. As minhas saudades têm número de porta e contra isso não posso fazer nada.
Se um dia vieres à janela e vires um carro encostado à tua casa - sou eu. Aponta-me um lugar para estacionar, convida-me a entrar. Mostras-me a casa, como se fosse uma amiga a quem convidaste para ir conhecer o teu espaço. Eu gabo-te a decoração, digo que te amo e aceito uma bebida - que o caminho foi duro e a espera foi longa, não há bateria que resista!"

BM

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Afinal é mesmo tudo uma questão de números!!!

Não há pessoas felizes. Até porque grande parte das pessoas não compreende a matemática. Não sabem o que é uma variável que tende para infinito, ou não concebem um eixo em Rn. Porque para elas o mundo tem apenas três eixos, vá, quatro para os metafísicos. Se as pessoas compreendessem a matemática, saberiam a diferença entre um fenómeno discreto e um fenómeno continuo. Saberiam que uma razão cujo denominador seja zero é indeterminada. E a diferença entre uma condição necessária e uma suficiente. E por isso não existem pessoas felizes. Porque a felicidade não existe enquanto fenómeno contínuo e o vazio das nossas razões também não. Somos felizes em momentos, discretos, ao longo da continuidade da nossa vida. Quando descobrimos que amamos, ou que somos amados. Quando parimos ideias, filhos, sonhos. Sem género. Ou que deixamos de viver no que devia ter sido, esse eixo que teimamos em construir ao lado esquerdo do zero das nossas amarguras. E é por isso que me fascinam as histórias tristes. Porque são pontos no espaço. Simples pares de coordenadas diluídos nos eixos em que nos desdobramos. E que tentamos apagar nas curvas quase perfeitas daquilo que achamos ter de ser.  Só, porque achamos que esses pontos não são função de nada mais que da má sorte. Mas isso, é tão falso como a Matemática ser difícil. E isto sim é uma verdade absoluta.

Nunca achei que as pessoas que percebem Matemática fossem mais felizes que as outras! Agora, leio que a própria Felicidade é uma equação. 
Faz todo o sentido! Umas quantas incógnitas que é preciso decifrar para se chegar ao resultado final. Positivo, umas vezes. Negativo, outras. Nulo ou indeterminado, outras tantas vezes - e o pior de todos os resultados possíveis a meu ver! 
Agora sinto que valeram mais, os três anos de Matemática, no secundário. Não compreendo muito, mas "dou-lhe uns toques". Talvez ajude nas "contas" da Felicidade!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

IN da estação - Transparências

Nós somos mais transparentes àquilo que estamos a pensar do que aquilo que julgamos. E, infelizmente, se calhar, eu acho que parte do desencanto que nós temos relativamente a algumas pessoas é porque apesar de as ouvirmos dizer determinadas coisas, quase sempre nós sentimos o que é que elas, de facto, estão a pensar e grande parte das vezes não corresponde. É aí que surgem as nossas maiores tristezas, as nossas maiores desilusões.
Luís de Matos

De facto. E é por isso que quando insistimos com alguém, repetidamente, no mesmo assunto, estamos só à espera que de alguma vez, consiga fazer coincidir o que diz com o que sente. Não queremos descobrir nenhuma verdade, porque já a sabemos. Queremos só, ver a coragem, de se assumir o que se sente com a verdade nas palavras. 
Sabias?

Não é fácil, eu sei. Mas para fazer coincidir o que se sente com as palavras certas é preciso coragem. E nem toda a gente sabe de que material a coragem é feita!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Uma viagem chamada Açores!

Podia ter sido uma viagem igual a tantas outras.
Podiam ter sido oito dias a visitar lugares que nunca tinha visto, a provar pratos típicos e a fazer serão junto do grupo de amigos e família que estava comigo.
E foi. Foi tudo isto e muito, muito mais.
Foram umas quantas operações plásticas de rejuvenescimento. À alma, ao corpo e ao coração!
Este último ano foi carregado de meses que me envelheceram. Que me trocaram, muitas vezes, os sorrisos por lágrimas, a satisfação pela dor, a presença pela saudade.
Largar o computador, o email, o telemóvel, as sms. Largar as rotinas, os sítios do costume, as caras de sempre. Era isto que fazia falta e foi isto que tive durante oito dias.
E onde é que tudo isto se concretizou? Numa ilha com pouco mais de quatro mil habitantes. Sem hospital, sem centros comerciais... Pode parecer assustador, mas foi o paraíso!
A Graciosa, afinal, tem muito para dar a quem a visita: paisagens arrebatadoras, doces típicos deliciosos, sotaque divertido, pessoas hospitaleiras, piscinas naturais, águas convidativas mas meteorologia bipolar!
Estava longe de imaginar, ao pôr os pés em terra firme na chamada Ilha Branca, já com umas horas de atraso e depois de um voo muuuuuito atribulado, graças à tempestade que por lá andava - e se foi embora mas que entretanto parece que já por lá anda de novo, que os dias ali me iam fazer tão bem!

HC

sábado, 21 de julho de 2012

Que pensamento vais levar vestido hoje à noite?

Por recomendação de terceiros, li hoje Pedro Chagas Freitas.
Uma escrita irreverente, ousada, desconcertante, corrosiva, intensa, directa - que me deixou fã.

E este texto é, absolutamente, Fa-bu-lo-so!

"O tesão tem razões que a própria razão conhece.

É da razão que o tesão que verdadeiramente nos ergue vem. O tesão corporal nasceu para ser deitado abaixo: para ser derrotado pelo tempo. O tesão intelectual é o único tesão que não se verga a um qualquer orgasmo. O cérebro é o órgão mais sexual do corpo. A inteligência é pornografia do mais alto quilate. Erotismo de topo. A inteligência é mais tesuda do que a mais tesuda das lingeries. A inteligência é a Soraia Chaves da alma. O Brad Pitt do espírito. A inteligência é tesão em estado burilado. Há o tesão puro, em estado bruto: o do sexo erecto e molhado. E depois há o tesão burilado, o racional. Uma frase inteligente é um orgasmo consciente. Um pensamento inteligente é um ai de clímax. Dá mais tesão uma reflexão do que um apalpão.

Todo o prazer vem da língua.

Mas os burros acreditam que é da língua que sai da boca. E os inteligentes sabem que é da língua que sai do cérebro. Excitar é pensar. E mais ainda passar para palavras, para a língua que comunica, aquilo que é pensado. Dar tesão é dar tensão. Tensão intelectual, tensão emocional, tensão total. E é da cabeça, da que pensa, que sai isso tudo. Pensar é sedução. E pensar só existe quando é transposto para comunicação: palavras, gestos, esgares, gemidos. Pensar só existe quando é transposto para comunicação. A comunicabilidade é o mais importante constituinte da genialidade. Qualquer génio incapaz de comunicar passa por burro. E qualquer especialista em comunicação, mesmo que seja burro, passa por génio. O processo de excitação – e o processo de sedução – sustenta-se em alicerces voláteis: um passo em falso e adeus: bye-bye, noite de prazer. Uma mensagem mal transmitida e mal interpretada pode ser a morte do artista. E de nada vale a língua que sai da boca quando a língua que sai do cérebro não é competente. O sedutor é o Deus da comunicação. O Todo-Poderoso da capacidade de dizer exactamente aquilo que quer dizer. E, sobretudo, conseguir exactamente aquilo que quer conseguir com aquilo que quer dizer. Para ser um sedutor é preciso ser um pensador. Repito: para ser um sedutor é preciso ser um pensador. E só de pensar nisso até já estou com calor. Ai.

A beleza ladra, mas a inteligência passa.

Passa de passar, passa de prosseguir, passa de continuar. Passa de passar sem pestanejar, sem ligar, sem sequer hesitar. E passa de passar a ferro. A inteligência passa a ferro. E dá com um ferro. Tritura. Devora. A inteligência passa. E é por isso que fica. Até porque a inteligência é a única das formas de beleza que até pode ser feia. A beleza que não é palpável não é mutável. A beleza de um pensamento, de uma decisão, de uma forma de agir, é eterna. A beleza de um par de mamas passará a ser, por mais operações que a vida te ofereça, a velhice de um par de mamas. A excitação que depende de um par de mamas é uma contra-ordenação. E é tempo quem se encarregará de te passar a multa por excesso de superficialidade. A excitação nasce no cérebro e morre no cérebro. Mesmo que passe por outras partes em que acreditas que ela se aloja: a excitação nasce no cérebro e morre no cérebro. Não pensar é a única forma possível de impotência. Raciocinar é a única forma possível de Viagra. Podes raciocinar em azul, em vermelho ou em verde: raciocinar é a única forma possível de Viagra. Já tomaste o teu hoje?

A imaginação é o maior alimento da pulsão.

E a maior fome também. Imaginar algo que já existe não deixa de ser imaginação. Imaginas, mais do que o não tens, aquilo que tens. Imaginas como seria o que já é, como aconteceria o que já aconteceu, a que saberia o que já soubeste saber. A imaginação é sempre intocável. E é, sempre, dizível. É a imaginação, muitas vezes, que te coloca no chão: que te faz pensar por sobre o que vês – e te evita ficares por sob o que queres ver. A imaginação é o sustento da pulsão. E, ainda assim, a sua degradação. Imaginar o Cristiano Ronaldo velho e cheio de rugas e peles caídas é deprimente. Imaginar o Woody Allen velho e cheio de rugas e peles caídas é atraente. Até porque, bem vistas as coisas, o Woody Allen já está velho e cheio de rugas. E não deixa de excitar, mundo fora, milhões de pessoas. Não acreditas? Pois. Sempre me pareceu que não és lá muito sensual.

Agora escolhe: que pensamento vais levar vestido hoje à noite?"


Pedro Chagas Freitas

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O primeiro dia

"A minha fasquia sempre foi alta. Se é para ir a jogo, jogo alto. Aposto alto. Demais, talvez. Mas é a minha medida.
Sempre foi. 
Sempre será. 
Por menos, não vou a jogo. Exijo e cobro, mas cubro e dou em dobro. Pago caro. Mas recuso-me a descer a fasquia. 
Sossega, porque não te culpo. Devia, eu sei.
Mas sou eu, a última a bater a porta. A última a abandonar o barco. A última a falar. A última a querer saber. A última a esquecer. A última a lembrar. Sempre a última. 
Fica comigo esta noite (a última). Mas sai a meio da noite. Não quero acordar contigo, mais uma manhã."
BM

quinta-feira, 28 de junho de 2012

S. Pedro, o favorito!

Todos os anos, neste dia, andávamos às voltas, na minúscula suite ou no minúsculo T2 - a ver se me faço entender, qualquer sítio era minúsculo com a nossa presença, a das nossas malas mas, sobretudo, a da nossa animação e alegria.
Por esta hora, discutíamos se jantaríamos fora, se iríamos para o fogão... Certo, certo era a bebida já ter começado a circular enquanto decidíamos qual o top, o casaco e as sapatilhas (sim, sapatilhas! porque a noite era longa e o mais provável era acabar na praia, entre os ralhetes das senhoras que começavam, aos primeiros raios de sol a colocar os toldos, nas estruturas de madeira, e nos viam enfiar-nos por lá dentro enquanto respondíamos que era "pra dormir só 5 minutinhos").
É que hoje é noitada de S. Pedro, meninas!
A juntar todas as histórias, todos os sorrisos, todos os copos, toda a música, toda a alegria, toda a exaustão que a memória destas noites me lembra, fica o nó na garganta de esta noite não estar aí, de esta noite não estarmos juntas, pior, de esta noite estar a 360Km de distância... Mas fecho os olhos e sinto a agitação dessas ruas, ouço as vossas gargalhadas, sinto esse cheiro a mar e o ar frio que corre sempre por esses lados.
Às que este ano lá estarão: divirtam-se por mim... e comigo! Quando forem brindar, num dos muitos da noite, mandem um abaixo por mim (não pode é ser de cerveja... vocês sabem que odeio!)
Se há sítios que podem falar da nossa amizade, Vila do Conde e Póvoa escreveriam livros, de episódios, quase todos, felizes. Hilariantes, até! 
Vila do Conde, a Póvoa e o S. Pedro nunca se hão-de esquecer de nós... Nem nós deles! 

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Ainda te lembras da cor do olhar?

"Sempre foi assim: eu tagarela, tu calado durante todo o tempo.

Foi-se a (minha) energia, mas continuo a apoiar-te em tudo.

Podia ser a mulher da tua vida. Quanta inveja eles, os outros, teriam.

Não o sou. Não o queres.

Mas eu prometo que estou aqui, para te ouvir, apenas.

Podes prometer-(te)me, também?"

BM

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Precioso. É o Amor.

"Quantas voltas são precisas
Para escolher um só caminho?
E sentir que é meu para Sempre!
Quantas vezes, indeciso
Eu desisto de vencer
E decido ser prudente
Evitando o que é diferente.

É o tempo roubado à razão de existir
Um momento passado e perdido
É o Amor
Precioso

Um Destino traçado num mapa a Fingir
Um Futuro Distante, Iludido
é o Amor
Precioso

Quantas feridas são precisas
Para escorrer um sangue novo
E acender a chama ausente
Prometendo que é para Sempre!

É o tempo roubado à razão de existir
Um momento passado e perdido
É o Amor
Receoso"

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Um Abraço


As saudades que eu tinha dela. 
E ela de mim. 
Como é que sei? Assim que me viu entrar em casa levou-me para o corredor mais comprido, colocou-me num extremo, ia para o outro, calmamente, e regressava a correr, em bicos de pés, para o meu colo. Mantendo-se ali em abraços demorados. Estivemos nisto tempo sem conta, até que nos chamaram para o jantar.
Quando de vida temos apenas dois anos e as palavras ainda nos saem trapalhonas. Quando não há léxico para se elaborar grandes teses, o amor diz-se assim! Com gestos tão banais quanto tocantes.
O problema é ser adulto e, muitas vezes, não saber traduzir assim, em gestos simples, a imensidão que nos vai no coração. 
Temos as palavras, dizemos frases tão elaboradas que prendem em si a beleza que cabe só às emoções!
Não somos capazes do mais simples: desconstruir os sentimentos em gestos simples, quase banais. 

Mais uma lição que aprendi contigo, flor. Mas ainda não, o suficiente, para dizer que amo em abraços apertados. E saber que bastou isso, para não me deixares dúvidas, que sentiste a minha falta. 
Separam-nos 20 anos de idade e és tu que me ensinas estas coisas.
Só passaram três dias desde o último abraço e já conto os segundos para calada, dizer que te amo, num próximo.


p.s. Hoje, na rádio, passou esta música. E a tudo o que já disse, acrescento-te isto.

Estás a ver como eu não sei viver sem as palavras?  

domingo, 13 de maio de 2012

Ausência Consentida

Sei que a ausência de mim foi longa, sei pouco mais sobre o tempo em que tive necessidade disso. Mentiria se dissesse que foi por excesso de trabalho ou de afazares. Não foi por isso, nem foi por nada. Não sei explicar muito melhor, quer dizer sei, mas as palavras não são minhas:

"A ausência de mim foi longa.
Sei que estive por ai, dizem-me mesmo que procedi como era suposto.
Mas a solidão pesa-me como um casaco molhado e nem as palavras têm o pudor de curar as feridas, como sempre o fizeram antes, como um cão que lambe as feridas até elas fecharem.
Sei que os dias passaram e que houveram chuvas e ventos e calor fora de tempo e trovoadas e dias e semanas e paginas mais paginas de jornais.
A ausência de mim deixou-me perdida num calendário que me diz estarmos em Fevereiro, dia tantos do ano tantos.
As coisas estão datadas, Como os sentimentos e as memórias, como os sonhos e o resto que completa os dias.
E depois esta obrigação de ser e estar sem que contudo alguém queira exactamente saber quem somos de verdade.
Ninguém gosta de histórias tristes ou pessoas introspectivas e plenas de perguntas e duvidas.
Não. Catalogamos as pessoas, metemo-las dentro de caixas com as respectivas  etiquetas; Femea disponivel; macho não disponivel, heterosexual, adolescente...
Não se espera mais porque não há tempo para mais.
A ausência de mim deixou-me um vazio a juntar-se aos outros que já têm cicratizes e são histórias velhas.
Gostaria de juntar a este texto uma foto lindissima, onde uma rua deserta ladeada de arvores nuas parece não ter fim.
Assim como se eu pudesse transformar em algo palpavel o vazio onde estive perdida.
Mas já não sei como se faz e depois, na verdade, nada disto tem importância.
Desculpem o silêncio, o branco da pagina encabeçada por uma mulher que me dizem ser eu.
Talvez seja, talvez não.
Vou falar com ela e talvez volte.
Pode ser até que na tal fotografia que não sei inserir neste blog, a estrada tenha um fim e lá bem no fundo esteja eu." Luísa Castel-Branco

terça-feira, 1 de maio de 2012

Cont(r)a. (des)P(r)eso. (d)E(s) Medida(o)

Temia que este blog se fosse tornar na coisa mais depré que a santa blogosfera já viu... E eis que os meus temores se podem constatar. Mas a culpa é do tempo... Cinzento, chuva e até granizo - mesmo às portas de maio!
Se o tempo anda "estranho" eu também tenho direito.
Também tenho direito de andar exatamente o contrário do que seria esperado para esta altura!
Foi uma tarde, a vaguear entre blogs (esses sim!) de qualidade, de pessoas que produzem conteúdos interessantes, que escrevem bem...
Dei por mim a ler as mais diversas matérias, escritas nos mais distintos estilos.
Mas acabei a vasculhar alguns blogs que já sigo habitualmente e onde sabia, encontraria textos sobre o tema que queria ler.


Partilho este excerto, de um texto de Miguel Carvalho, Jornalista da revista Visão:


"Como se pudéssemos dizer “se amar, não se magoe”.
(...) A postura é um fato de pronto-a-vestir que usamos para entrar e sair das relações. Talvez até já nem se rasguem roupas quando chega a hora. O sentimento não ferve, a aprendizagem das loucuras que fizemos é renegada e a história do que fomos não tem disco duro porque a caixa de mensagens é mais prática e descartável. De resto, já não há cartas para guardar porque ninguém as escreve. Quem as leria, de resto, se tivessem mais de 140 caracteres?
Como num poema do Eugénio, já não há nada que nos peça água. E estamos como ela: insípidos, inodoros e incolores. Leves. Capazes de ir do tudo ou nada sem efusão de sangue. Deve andar a escapar-nos o momento em que deixamos de olhar a vida nos olhos e a desregrada infinidade de coisas que vinha junto com ela."



Como referi, não fui eu a escrevê-lo mas, principalmente, este último parágrafo poderia ter sido anotado numa das minhas últimas conversas de esplanada, entre cafés, cigarros, lágrimas e gargalhadas (estas a propósito do quão injustificáveis eram as lágrimas).
Desculpem-me a descrença nas pessoas... Mas, infelizmente, cada vez mais me convenço que já nada as move. Nem as paixões, nem o pôr do sol ao fim da tarde, nem os amigos, nem a família, muito menos os outros. Vive-se sem cor. Deixa-se a vida cair num cinza rato (cor que vai muito bem com os carros, mas muito mal com a vida) e nem uns riscos na pintura. 
Perdeu-se a veneração pelo toque, o mesmo é dizer pela presença.
Acima de tudo há que manter o controle, a postura (e sobretudo as aparências).
Se estamos irritados nada de berros, de murros na mesa, muito menos palavrões. 
Se estamos felizes nada de grandes euforias, música nos berros e foguetes pelo ar.
Tudo comedido, para bem ou para mal. Tudo morno. A meio gás. Desenxabido. Assim Assim. 
E eu não me habituo a isto. 


p.s. - enquanto escrevo este post estou a ouvir um programa na RTP2 e eis que uma atriz portuguesa, a trabalhar no brasil, em visita ao nosso país lamenta que "aqui não se fala olhos nos olhos"... Ainda bem que não sou a única a queixar-me disto.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A data dos 3D's, faz hoje 38 anos

25 de Abril de 1974: Democratizar, Descolonizar, Desenvolver


Tenho dois familiares que comemoram hoje o seu aniversário. Há até um deles que comemora a exacta idade da Revolução: 38 Primaveras para o meu familiar, 38 Invernos para a Revolução.
Sim, porque os ideais e os valores pelos quais se fez esta Revolução ainda não foram cumpridos, ainda não viram, verdadeiros, dias de sol.
Por estes dias, ouvi Miguel Sousa Tavares dizer que "as cerimónias repetidas à exaustão acabam por ser contraproducentes". Que a juventude de hoje em dia, as cerimónias "não querem dizer absolutamente nada".
"Comemorar datas históricas indefinidamente, sempre com o mesmo discurso, como se tivesse acontecido anteontem, e já passaram quase duas gerações em cima disso é ridículo, é patético e dá cabo da data", continuava MST. E rematou o assunto com "devia-se acabar, pura e simplesmente, com as comemorações oficiais do 25 de Abril".
Raras vezes discordo de Miguel Sousa Tavares, mas nisto não podia ter uma visão mais antagónica.
Deve comemorar-se Abril, deve lembrar-se a data e tudo o que ela significa. Mas muito mais que lembrá-la é preciso cumpri-la. É preciso que cada um assuma para si o papel que tem de tomar para que a data faça sentido e não seja só um apanhado de discursos estudados a preceito e repetidos ano a ano. Porque o 25 de Abril é de todos nós. Tão pouco a Revolução é dos militares que a fizeram, é sim do Povo Português, porque foi em nome dos portugueses que ela foi feita. Como tal, atitudes semelhantes à de Mário Soares não contribuem em nada para inverter o caminho, que Soares, alega estar a ser tomado por este Governo e que é contra os valores e os ideias da Revolução.
Se nos abstemos de celebrar a Liberdade que, defendem muitos, está a ser posta em causa, nada mudará.
Hoje não estão tanques nem Salgueiros Maia nas ruas. Não é preciso. Basta lembrar que já lá estiveram e que falta cumprir esse dia. Basta lembrar isso mais uma vez e todas as que forem precisas.
Hoje não é o dia de "castigar" o Governo pelos caminhos que está a tomar. Uma figura como Mário Soares escrever no dia de hoje, ataques ao Governo não ajuda em nada a situação actual. É preciso que cada vez estejamos mais unidos, em torno dos ideias de Abril, e uma figura como Mário Soares sabe bem que nada contribui para tal com esta tomada de posição. Como ouvi, e desta vez plenamente de acordo, de Miguel Sousa Tavares, se há coisa que se está a cumprir dos ideais da Revolução é a Democracia. Este Governo não foi eleito por golpe de estado. Está onde está porque foi eleito, democraticamente, pela maioria dos portugueses.
Ouvi Mário Soares, há meses, dizer numa palestra dirigida a jovens que "é preciso que vocês confiem vocês próprios e pensem pela vossa cabeça e digam o que querem porque a vossa voz tem que ser ouvida". E a nossa voz é ouvida se ficarmos em casa e nos demitirmos de celebrar Abril?
Por fim, não podia deixar de lembrar hoje Miguel Portas.
Li Júlio Machado Vaz dizer que talvez ele tenha partido, ontem, para "celebrar - ou perseguir? - ainda e sempre o 25 de Abril."
Assim tomemos o seu exemplo e celebremos Sempre o 25 de Abril. Politicamente falando, tenho uma posição distante da de Miguel Portas, ainda assim admiro-o. Porque eu não admiro os que acreditam no mesmo que eu, admiro todos os que Acreditando em algo lutam por esse ideal. Se batem, enfrentam desafios e fazem o que está ao seu alcance para atingir aquilo em que acreditam. Embora não defendendo nem acreditando nas mesmas ideologias que ele, admiro-o porque ele lutava por aquilo em que acreditava e era certo para si - e isso basta-me!

domingo, 22 de abril de 2012

Esta conversa não é da treta!

Hoje podia ter sido um amanhecer igual a tantos e tantos outros de domingo. Mas não foi!  
A manhã fria não convidou ao habitual passeio de bicicleta pela marginal... 
Que desagradável que é, depois de um pequeno-almoço digno de um qualquer hotel 5*, com direito a vista para o mar, inclusive, ter que vestir um agasalho e mais um. Impermeável talvez! Que aborrecimento.
Mais vale ficar em casa. Meia volta no sofá. Deitar um olho aos desenhos animados.
Podia, mas não foi assim.
Ao passar pela estante, onde passo vezes sem conta, eis que ao olhar de relance, numa de verificar se até já tinha ganho pó desde a última vez que a limpei - vão para aí uns três dias, há um livro que me salta à vista. 
"Aproveitem a Vida" - em letras grandes, numa cor viva.
Que estranho, achei. Nunca dei  por aquele livro. Das duas uma, se não fui eu a comprá-lo (caso tivesse sido, saberia do que se tratava), só pode tê-lo comprado o meu pai. Leu-o e deixou-o em minha casa - nada que não fosse frequente entre nós.
Sempre que compra um livro, o meu pai, anota a data e assina-o, em letras pequenas, num canto, na contracapa. Fui procurar essa "marca" dele e confirmei. Aquele livro era uma aquisição do meu pai e ele talvez não o tenha deixado ali por acaso, ou talvez eu não o tenha encontrado ali, hoje, por mera casualidade.
Ora, mas de que livro estou eu para aqui a falar, afinal? Do livro de António Feio.
Sentei-me no sofá com ele e comecei a folhear. Parte era a descrição de quem acompanhou de perto os últimos dias da vida de um doente com cancro no pâncreas. Mas de um doente especial, o António Feio. Que encarou a doença como encarava a vida: com gargalhadas, por ele e pelos outros. O livro tem relatos emocionados e emocionantes mas o que mais me tocou foi ler a carta que ele deixou à sua família, amigos e público que o admirava. A carta é comovente e é impossível não tirarmos de lá uma lição para as nossas próprias vidas. Contudo, esta carta tocou-me muito mais que pelo conteúdo, pela data em que foi escrita.
24 de maio de 2010. Neste dia, estava eu a comemorar mais um aniversário, rodeada de amigos, plena de saúde, a gargalhar e a festejar a vida, a minha vida. E uns quilómetros mais a sul de mim, estava o António Feio, no seu computador pessoal também a festejar a vida, que já tinha aproveitado e vivido junto dos que mais amava, deixando escrito um obrigado a todos aqueles que tinham feito da vida dele o que ela tinha sido. Eu rodeada de amigos e família a brindar à saúde e ele a agradecer ao pâncreas tê-lo feito ver que na saúde e na doença sempre esteve rodeado de amigos, bons e verdadeiros amigos.
Que murro no estômago. Como és pequenina - pensei eu, ao ir reflectir naquilo que deixo que abale os meus dias, a minha serenidade, a minha confiança, a minha auto-estima.
Será que é desta que aprendo a lição e me capacito, de uma vez para muitas, que as coisas e os outros só têm a importância que lhe damos e, por isso, só interferem na nossa vida, provocando-nos alegria ou dor, na medida que lhes permitimos?
Será que é desta que aprendo a olhar para "as pedras no sapato" capacitada de que importa mais investir forças a pensar na forma como as remover e continuar a caminhada, do que a tentar perceber como foram lá parar, nas feridas que estão a fazer? Se for preciso caminho descalça. Sempre sentirei a terra, o chão molhado, a areia da praia.
Será que é desta que valorizo os sorrisos, o teu sorriso. Que aprendo que o bom que vivemos, só porque passou não tem que deixar de ser bom. Que as pessoas são o que são e não o que esperamos delas e que a decepção nasce da expectativa demasiado elevada que só nós criámos.
Será que vejo os "nãos" e as portas que se fecham só como mais um obstáculo que em ultrapassado me torna mais forte?
E será que aprendo a enfrentar os desafios com o ânimo e a motivação de quem corre atrás de um sonho, mesmo sabendo que isso implica perdas pelo caminho. Mas que só se perde o que, de verdade, nunca foi nosso?
Será que aprendo que o aqui e agora são a maior dádiva e que é neste tempo e espaço que tenho de aprender a ser feliz? E sê-lo, verdadeiramente.
Sei que este livro já tem dois anos e que, parece parvoíce, estar agora a dizer que o li. Mas foi agora que o "descobri", talvez porque este fosse o momento de retirar para mim esta mensagem.
Sei que este tema é recorrente e toda a gente diz o mesmo: que ser feliz é o mais importante, aproveitar cada momento é o fundamental. MAS É MESMO.
Por isso, eu saí para a rua. Mesmo com o frio e cheia de agasalhos - como de uma manhã de Dezembro se tratasse. Fui pedalar para a marginal. Até me molhei porque o impermeável ficou em casa e a chuva saiu comigo.
Quando regressei, tomei um banho quente e ao olhar pela janela vi que a chuva tinha parado, as nuvens se tinham escondido e podia, agora, ver-se o sol.
Há dias que são assim - verdadeiras lições, pela mão de outros.

E se me permitem: 
"A mensagem principal que quero deixar às pessoas é que se há um problema é preciso resolvê-lo da melhor maneira, há que não ficar quieto, há que tentar de tudo primeiro, antes de desistir.
Se as pessoas começarem a parar por um momento para olhar para casos como o meu, ou, simplesmente, para a sua própria vida com olhos de ver, talvez comecem a relativizar os seus próprios problemas e possam perceber o que de facto vale a pena na vida. Talvez assim a consigam aproveitar melhor. 

Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros!Não deixam nada por fazer, nem por dizer!"


Hoje cresci séculos.
Obrigada António Feio
Obrigada Pai que um dia compraste este livro e o deixaste na minha estante.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Prometo


Nunca me disseste mas eu sempre achei que aquele teu texto era meu.
Posso estar redondamente enganada - eu sei mas, até prova em contrário, irei guarda-lo como tal.
Várias vezes te falei dele, querendo saber se era meu. Sorrias (e davas-me a resposta).

Eu sei... Foi só um texto, escrito numa noite de verão. Talvez inventado pela tua sublime imaginação.
Mas sempre me pareceu tão meu, tão de ti para mim. Nunca saberei, por certo, mas porque o li e o senti meu, guardei-o. Agora que passaram as (nossas) noites de verão, volto a olhar para ele e quero que te fique somente esta certeza: Eu prometo.

[Sei que há coisas que passe o tempo que passar, não passam! Esta convicção não me deixa muito tranquila, confesso.]

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Abraça-me


"Basta-me assim o Amor.
Um abraço, ainda que com hora marcada.
A ser assim, sempre se contam os segundos que faltam até ao encontro. E com o avançar do ponteiro, começam a apressar-se os compassos do coração.
Depois fica-se nesta quietude. A olhar o mundo - que de ombro no ombro nos parece bem mais fácil de enfrentar."

BM

terça-feira, 17 de abril de 2012

Novos Caminhos


"(...) Não... mas não, não; nunca é tarde para sonhar! (...) pois que me saiba cumprir com coerência, nos limites decentes da demência, nos limites dementes da decência; e cumprámo-nos todos, já agora, até ao fim, no que fazemos, na diferença do que formos e dissermos! E perguntando, criando rebeldias, conferindo aquilo que acreditamos e que ainda formos capazes de sonhar! E se aquilo, aquilo que nos dão todos os dias não for coisa que se cheire ou nos deslumbre, que pelo menos nunca abdiquemos de pensar com direito à ironia, ao sonho, ao ser diferente. E será talvez uma forma inteligente de, afinal, nunca... nunca, nunca ser tarde demais para viver, nunca ser tarde demais para perceber, nunca ser tarde demais para exigir, nunca ser tarde demais para ACORDAR."

Pedro Barroso, "Navegador do Futuro"


É isto. Nada mais que isto. 
Ser apenas e só isto: capaz de lutar pelos sonhos. Capaz de não me acomodar. Capaz de ir à luta. Ter o trabalho de meter pés ao caminho, arregaçar mangas... 
Mostrar o que somos sem nos deixarmos ser o que queriam que fossemos.
Aceitar a mudança. Deixar a zona de conforto. Acreditar que cada etapa reserva em si algo de extraordinariamente bom e Partir.
Ir à descoberta: descobrir e deixar-se descobrir. Conhecer e deixar-se conhecer.
Tudo isto, nada mais nada menos que CRESCER.

sábado, 14 de abril de 2012

Obrigada!

"Tu tens que dar um pouco mais do que tens
Tens que deixar um pouco mais do que há
És um grãozinho de uma praia maior
E deves dar tudo o que tens de melhor!"

Obrigada! Obrigada a quem hoje me lembrou disto...
Confesso - e assumo, andava a ficar um pouco esquecida de que é assim.
Venceu, durante tempo demais, a tristeza de sentir que não recebi na medida do que dei.
Agora, vence a alegria da certeza que te deixei um pouco mais do que tinhas.
Fica mais rica a alma, depois de se dar o melhor!

sexta-feira, 13 de abril de 2012

De(Ser)to

Dia de chuva. 
De frio. 
De céu cinzento. 
E vida nublada.  


"Assim andarás comigo
Quando de ti não souberes
E não te ensino os caminhos
Para tomares os rumos que quiseres"

terça-feira, 10 de abril de 2012

De(Ser)to

Queria muito escrever.
Mas os pensamentos não se alinham e os dedos, sozinhos, não são capazes. 

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Um pouco de céu

O Hoje, traduz-se assim!


"Só hoje senti
que o rumo a seguir
levava pra longe
senti que este chão
já não tinha espaço
pra tudo o que foge
não sei o motivo pra ir
só sei que não posso ficar
não sei o que vem a seguir
mas quero procurar
e hoje deixei
de tentar erguer
os planos de sempre
aqueles que são
pra outro amanhã
que há-de ser diferente
não quero levar o que dei
talvez nem sequer o que é meu
é que hoje parece bastar
um pouco de céu
um pouco de céu
só hoje esperei
já sem desespero
que a noite caísse
nenhuma palavra
foi hoje diferente
do que já se disse
e há qualquer coisa a nascer
bem dentro no fundo de mim
e há uma força a vencer
qualquer outro fim
não quero levar o que dei
talvez nem sequer o que é meu
é que hoje parece bastar
um pouco de céu
um pouco de céu"

domingo, 8 de abril de 2012

Festa na aldeia

Neste dia, a aldeia, ainda se veste de Festa!!!
Chegam os emigrantes, vêm os filhos a casa dos pais e já trazem os netos que inundam as ruas de traquinice!
Chega a família que mora nas cidades onde não há disto!
A mesa é composta por amigos, familiares, alegria e gargalhadas. Há copos e comida a mais, não se fala de crise e evita-se falar do Coelho (afinal, por aqui, hoje o dia é de cabrito).
O sol deu o seu ar de graça e entra por entre as portadas abertas, brindando a mesa com a vida, que se renova por estes dias.
É muito mais que uma questão de Fé. É a festa da aldeia que junta novos e velhos, aqueles que estão juntos todos os dias com os que só se encontram por esta altura, por tradição.
É a Festa da Páscoa, é mais uma festa da família!
Asseiam-se as casas, abrem-se as portas e convida-se qualquer vizinho que passe a entrar - porque estamos na aldeia.
Aguardam-se os homens com vestes avermelhadas. Na frente vem um garoto, a badalar um sino. Pouco sabe do significado do gesto que faz, mas fá-lo com toda a alegria e mais alegre fica ao receber, em cada casa, um pacote de amêndoas (daquelas de chocolate e avelã, assim espera!).
Numa altura em que tudo se perde, emociona-me ver que esta tradição ainda se guarda. Que este espírito de aldeia ainda está vivo. Que a proximidade ainda se cultiva.
Também gosto da cidade: da confusão, do trânsito, de tudo ali ao pé, do anonimato com que se percorrem as ruas. Mas chegar à aldeia, por estes dias, é encher a alma e renovar a certeza de que é importante termos asas e sabermos para onde queremos ir, mas é fundamental termos raízes e sabermos de onde vimos!
Já se estendem flores à porta, chegou o Compasso!

Feliz Páscoa

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Os Putos

- Madrinha, o que é que me vais dar??? 
O tradicional, pensei eu. Mas para ele esta resposta podia não ser óbvia. Do topo da sua dezena de anos, saberá lá ele o que é "o tradicional". Respondi-lhe então que lhe ia oferecer amêndoas e, sem lhe dar tempo, perguntei-lhe logo se achava bem. Ora, óbvio que não! Disse-me que nem queria amêndoas e queria umas chuteiras novas.
Claro, eu já devia imaginar que ele não perderia a oportunidade de pedir qualquer coisa relacionada com o futebol. E desculpem lá, mas ele e os amigos que como ele se levantam ao fim-de-semana mais cedo que os restantes dias da semana, para ir jogar futebol, ao frio, às vezes, à chuva em troca de um beijo da madrinha, que assiste orgulhosa na bancada e de uma conversa, no fim, com o padrinho (que eu nunca soube o conteúdo porque, dizem eles, é coisa de homens), é que são os verdadeiros Reis da bola.  
Correm atrás da bola como nós, crescidos, devíamos correr atrás dos sonhos, dão o litro (e os joelhos) para a própria equipa fazer boa figura. Se fazem falta e chamam nomes ao árbitro é, muitas vezes, por incentivo dos paizinhos na bancada que querem que o filho seja um Cristiano Ronaldo mesmo tendo consciência que o puto é mais desastrado que eu (e olhem que é difícil) a jogar à bola. Ouvem um raspanete do treinador e no fim-de-semana seguinte vão com o mesmo sorriso e a mesma entrega suar a camisola (e nós, crescidos, se ouvimos o chefe dizer-nos "podias fazer melhor" ficamos logo arreliados e a dizer que não dá valor ao nosso trabalho).
Mesmo eu, que até nem incentivei a ida do puto para o futebol, reconheço que ele joga com um gosto e uma paixão que era impossível negar-lhe o desejo de ir "pro futebol". 
Portanto, puto deixa lá ver quanto é que calças que para (não) variar, este ano, a prenda são chuteiras!   
  

quarta-feira, 4 de abril de 2012

À Sombra II

"Digam-lhe que voei.
As cegonhas não chegam com a primavera? Pois eu fui embora - migrei. 
Volto quando por aqui encontrar a calma de outros tempos. 
Volto quando a lembrança dele já não me incomodar mais. Voltarei?
Volto quando conseguir acreditar nas pessoas.
Volto quando o "gosto de ti" for verdadeiro.
Volto quando o "não me chateies" acabar com beijos.
Volto quando o "não tenho tempo" acertar as contas com o relógio.
Volto quando tiver que voltar! Agora quero estar longe.
Dos olhares que mentem.
Dos silêncios falsos.
E das mãos que nos afastam sem uma única palavra. 

Voltarei talvez, quando for verão!"

BM

segunda-feira, 2 de abril de 2012

À flor da pele

"Não quero lembrar que a minha pele se ria ao teu toque. Toda a alegria com a iminência da tua chegada. Agora deixou-se de risos e repuxa ao toque de outro. Tentei tudo: os melhores cremes, marcas caras, aplicações de 5 em 5 minutos mas continua seca e desidratada! 
Sente-te a falta. 
Promete-lhe beijos, em passeios pelas ruas da cidade que não é minha nem tua.
Promete-lhe o toque.
Diz-lhe que também tu lhe sentes a falta."

BM    

sexta-feira, 30 de março de 2012

À sombra

"Sabia que seria uma das maiores loucuras que estaria prestes a cometer... Desde o dia, imediatamente a seguir ao do seu último aniversário, percebeu que seria fácil apaixonar-se por ele!
O sorriso rasgado, a conversa fácil, olhar penetrante, de bem com a vida - tal como ela. Sempre aprumado e cordial. Dono do seu espaço e senhor de si. Não era de uma beleza estonteante mas o seu charme, apesar da pouca idade, denunciava duas coisas: que era muito sabido e que ela não saberia resistir.lhe! Começaram a sair. Ela a medo porque sabia bem no que se estava a meter. Sabia que entregar-se a ele era afastar, de vez, todas as possibilidades de voltar para a relação passada. Ele cheio de pressa. Como se se tivesse apaixonado de uma forma tão arrebatadora que não conseguisse passar mais sem ela - pareceu-lhe. Essa convicção deu-lhe confiança e fez com que quisesse avançar. Tivesse a certeza que era aquilo que queria. Era por ele e pelo que não podia negar estar a sentir que tinha que avançar.
Avançou.
Corria para ele sempre que podia. As amigas notavam nela uma alegria nova que, a principio, não queria admitir. Queria guardar só para si. Mas estava apaixonada e perante quem a conhecia eram em vão todas as tentativas de tentar escondê-lo!
Sentia-se protegida quando estava com ele. Aliás, o primeiro sinal que teve de que ele a protegeria ocorreu muito antes de começarem a estar juntos. Ela guardou aquele momento como se tivesse percebido que aquilo tinha sido um sinal. Quem sabe, talvez se tivesse apaixonado por ele naquele momento!
E de aniversário em aniversário, assim se vai contando esta história. Ele somou mais um primavera. Ambos marcaram nesse dia, o inicio de uma novo caminho.
A vida trocou-lhes alguns planos, mesmo assim trocaram prendas no Natal. Para ela aquilo foi uma espécie de troca de alianças em dia de casamento. Era como que fazer prova de que estavam juntos, que queriam estar juntos e que se gostavam de tal forma que seria, quase inevitável, as pessoas começarem a saber e a notar - que se começasse a falar que eram um casal.
Às vezes discutiam... Quase sempre porque ela queria mais atenção dele, mais tempo. Como se se tivessem revertido os papéis e agora fosse ela a ter pressa de mais. Os encontros deles tinham, quase sempre vista para o mar, madrugada dentro. Com as horas contadas, preenchiam o tempo juntos como o preenchem duas pessoas apaixonadas.
Perdiam-se muitas vezes na linguagem crua do prazer. Mas também discutiam actualidade. Ele de voz grossa e convicções de esquerda que perdiam força, chutadas por aquele sotaque beto e pelo elitismo que, a espaços, lhe atraiçoava as convicções. Ela mais conservadora. Pura ironia em algumas intervenções. Ele fé nos homens, ela fé nos sentimentos - do mundo e dele."

BM

quinta-feira, 29 de março de 2012

A espera - porque o que tem que ser...

- (...) agora terá que aguardar. Daqui a 2 ou 3 horas já contamos dizer alguma coisa. Pode ir embora ou dar uma volta por aí (...).

Agradeço a informação e pondero as opções apresentadas:
1º - Ir embora: trânsito, semáforos, gasóleo gasto (factor preponderante dado que estamos em crise e já não se ganha para combustíveis) e a inevitabilidade de ter na mesma que esperar.
Conclusão - não me parece.
2º - Passear por ali: ver montras (houvesse paciência e até podia ser), ir até ao shopping mais próximo (isso seria fazer o dobro dos quilómetros quando comparado com a opção "ir embora", esplanada vista rio (não que está sol, não trouxe chapéu e ficar três horas numa esplanada e consumir um café é... foleiro).
Conclusão - também não me parece.
Hipótese não apresentada: ficar aqui na sala de espera, puxar do portátil (isto do Ipad é só para alguns, afinal estamos em crise!), aproveitar que o sítio tem wireless e ESPERAR - pois se tem que ser, que seja.

Primeira coisa que faço, pela segunda vez no dia? Abro as páginas dos principais (o que eu queria mesmo dizer era fidedignos) meios de comunicação o que dá qualquer coisa como: poucos separadores abertos!
Incêndios. A única novidade nisto é que este ano começaram mais cedo. De resto, o martírio de sempre para os bombeiros e o desespero para as populações.
Continuando no capítulo do "nada de novo". A entrevista de Passos Coelho a Judite de Sousa. 45 minutos de mais do mesmo.
Ainda dentro deste capítulo: a polémica à volta da arbitragem. Mas é que aqui nada nada nada mesmo nada de novo. A culpa nunca morre solteira - isto é um dado adquirido. Logo, se a qualidade do nosso plantel é inegável, se as decisões do nosso treinador são indiscutíveis mas se, mesmo assim, a nossa classificação não é a que desejaríamos - a culpa é dos árbitros. Óbvio que se há maus profissionais em todas as áreas também os há na arbitragem. Óbvio que os maus profissionais devem ser penalizados. O que não é admissível é que se permita que sejam as famílias destes senhores a pagar as favas. Entendam-se como quiserem mas assim não!
Continuemos. Leio algures que, o Banco de Portugal, prevê que possam ser necessárias mais medidas austeridade. Ok ... e novidades???

Bom, parece que o CR7 já não vai casar com a Irina!!! Será que quer casar com a mãe da criança... Confesso que estou curiosa para ver Judite de Sousa a entrevistar Cristiano Ronaldo e percebe-se, obviamente, porquê...  
Já agora, adiantam-me alguma explicação para o mais recente candidato ao recorde de cão mais pequeno do mundo, neste caso cadela, ter sido baptizada de Beyonce???

Sim e mais logo "vamos a jogo"... "olhos nos olhos, concentração... cabeça fria, coração quente"!


p.s. - no fim, estou lá a ler-te... com aquele toque de ironia e travo de simpatizante!

Com isto já passou uma hora! Já só faltam mais duas. Com sorte, talvez mais uma .

quarta-feira, 28 de março de 2012

Música para os meus ouvidos










Bem que podia preencher este blogue só com músicas!
Prometo-vos que não... 
Não imagino a (minha) vida sem banda sonora e ouvi esta, pela manhã, e gostei (muito).

"Não quero nem saber o que trazes vestido
Podes nem vir a condizer que eu lido bem contigo
Quero ficar sentado a ver-te rir
Sem nada marcado, nem pressa para fugir"


Boas tardes

Cheguei... Já por cá tinha andado, por isso, isto é mais um "Estou de regresso!"
Actualidade, reflexões, pensamentos - muito do que fica dos dias que passam será aqui publicado.

Recordações vagas, quase apagadas, do que encheu as horas de dias vazios.
Memórias vivas, de dias felizes.
Aquilo que, inconscientemente, vem à lembrança quando se aponta para aquele dia do calendário - porque todos os dias têm uma história!